— Rosa em Hiroshima
escrita por Anita Harmon como quem oferece flores de palavras.
Querido Mundo,
Hoje pisei onde o tempo parou
às 8h15 de uma manhã que jamais se apagará.
Hiroshima,
cidade onde o silêncio ainda arde
mesmo sob o canto dos pardais.
Vi uma rosa queimada
nas paredes do Domo.
Não tinha cor
nem perfume —
mas tinha memória.
Mil tsurus pendiam dos galhos,
rezando com asas de papel.
Vi crianças dobrando esperança,
como quem recusa o esquecimento.
Ali, cada folha do parque
é uma oração que caiu de pé.
E me perguntei:
como é que o mundo continuou?
Como é que a flor se atreveu a nascer ali,
no chão onde o céu caiu?
Mas nasceu.
Com cicatriz e beleza.
Com dor e dignidade.
Hiroshima,
flor que não quer ser herói,
só lembrança viva
de que nunca mais.
Nunca mais.
Com olhos molhados e alma em silêncio,
Anita Harmon
Outra parte de Sônia - Flor de Cerejeira 🌸
Sonia Lupion Ortega Wada