A escrita tem um poder de despertar o que o cotidiano às vezes adormece em nós.
Sou Sônia Lupion Ortega Wada
Brasileira, nasci no Paraná
E vou morrer no Japão
Dois mundo dentro de mim
guardei na alma o cheiro de terra molhada
No oriente a alma encontrou
seu céu
Seu lar
e o amor de Deus
Escrevo com as Janelas Abertas
Quando a palavra é abrigo
Há dias em que o mundo pesa demais.
E a alma procura por frestas —
um canto onde não precise se explicar,
nem se armar.
Nesses dias, escrevo.
Não para impressionar.
Escrevo como quem monta um ninho:
com fragmentos de silêncio,
galhinhos de lembrança,
fios soltos de emoção.
A palavra, para mim, não é espada.
É abrigo.
Já fui acolhida por versos que não conheciam meu nome.
Já fui salva por uma vírgula colocada com ternura.
Já encontrei minha própria sombra
refletida num poema alheio.
E por isso escrevo.
Porque sei que alguém, em alguma parte do dia,
também procura um lugar onde possa pousar
sem medo de cair.
Meus textos não são grandes fortalezas.
São janelas abertas,
com uma luz acesa no fim da tarde,
e um lugar quieto para repousar os olhos.
Se a sua alma estiver cansada,
entre.
A palavra é simples,
mas foi escrita com mãos limpas
e intenção inteira.