Overletras
Danço sob a miséria existencial, por sobre telhados de vidros eu danço, sem holofotes eu danço, sob um olhar estrela eu danço na sala, afasto a mesa de centro e sobre o tapete danço samba, forró e ballet. A sensação é de liberdade, meus pés não tocam mais o chão, uma alegria invade a alma e deixo para traz o dia cinzento. Dançando com os olhos fechados sem me preocupar com o que pensam de mim, rodopio pela sala que ganha uma colorida pista de dança, é como um céu de estrelas piscando brilhos de mim. Dançando sobre a lua azul meu corpo rodopia flutuando leve como seu eu desenhasse com meus passos bailarina, brancas nuvens no azul celestial. Cada movimento do meu corpo é um ato de amor...Divagando o corpo, a mente esfumaça e lhe trago num único aspirar, dedilhando meu corpo a fumaça tênue sopra seu cheiro, respiro-te inteiro, dançando e profanando o refúgio dos quereres: ter sua alma marcando de forma indelével minha carne sedenta de ti. Rodopio mais um pouco, dançando, dançando overletras na prosa... Esfumaçando a sala o vício de ti... Uma overdose no corpo que se desfaz abraçando a lua no tapete da sala. Seu cheiro, seu gosto são os lumes da noite que caem e eu ausente de ti. Continuo dançado, agora cruzo a esquina procurando um uivo, rendido no desalinho de um lençol abrasado.
Sonia Lupion Ortega Wada
Enviado por Sonia Lupion Ortega Wada em 10/06/2007
Alterado em 10/06/2007