Primeiro Amor
Estou aqui ouvindo estrelas, numa tentativa de realçar
minhas lembranças. Uma estrelinha suavemente canta e a canção
tira você daquele cantinho da alma, onde eu lhe guardei há décadas. É como se você adormecesse dentro de mim e agora sua presença invade minhas entranhas.
Lembro bem do seu rosto menino, orvalhando brisa verde, na manhã
de sábado, quando pedalava sua bicicleta, levando eu, menina desabrochando em flormulher, na garupa. O vento traz seu cheiro...O primeiro cheiro de homem chegou suavemente com sua boca ao meu ouvido, convidando-me para dançar. Seu corpo colou-se ao meu, nossas coxas encaixadas, dançamos tão colados que nos vestimos um do outro. O mundo ficou deserto, caminhamos pelo céu...Foi assim que você ensinou-me a ver e ouvir as estrelas.
O primeiro beijo, desajeitado enroscar das línguas, um fogo queimando o corpo:eu descobrindo o significado do desejo... Na orla da pele brotava arrepios com seus beijos suaves pelo meu colo..Eu não sabia que ficaria assim quando chegasse a hora de abrir os olhos, eu não pensava que vertigem fosse ventania colorida pelas cores do outono e a face alterada pelo susto e alegria. As palavras foram roubadas estancando no ar o gesto. Gosto desse silêncio, disse ele. Seu olhar
era profundo e brilhante, uma nuvem de amor nos envolveu.
Estou aqui na beira da minha rendição, nas profundezas da alma, onde peleiam os neurônios, sempre me perguntando por que, por que não vivi aquele amor?
Sonia Lupion Ortega Wada
Enviado por Sonia Lupion Ortega Wada em 22/06/2007
Alterado em 22/06/2007