Troquei de casa, de céu,
de língua, de vento e de chão.
Levei comigo só o essencial:
meus silêncios,
minhas memórias
e a coragem embrulhada em saudade.
Fui flor plantada no asfalto,
fui rio buscando o mar.
Em terras de outros deuses,
aprendi novos nomes para o amor,
e também para o medo.
No Japão, aquietei minha alma —
entre cerejeiras e luas discretas,
descobri que o silêncio fala.
E que, mesmo longe de casa,
a gente se torna casa em si.
Sofri olhares que ferem sem palavra,
mas respondi com gestos de ternura.
E fiz morada na delicadeza
de quem sabe:
viver é redescobrir-se mil vezes.
Essa bela imagem, peguei emprestada da Juli Lima. Amiga, peguei sem pedir licença, perdão. Obrigada.