No início, disseram: houve um homem,
chamado Jesus, que andava entre os humildes,
tocava os doentes, falava em amor,
e terminou na cruz — mas deixou algo que não morre.
A história confirma seus passos,
mas o milagre… esse é segredo do coração.
Não se mede com balança, nem se prova com carbono.
O milagre vive onde a fé decide florescer.
A Bíblia?
Ah, não é um livro de fatos,
mas um jardim de símbolos.
Ali, Adão e Eva não são só dois —
são todos nós, diante da árvore da escolha.
Comemos do fruto da consciência
e fomos expulsos da infância da alma.
A ciência fala de milhões de anos,
ossos na terra, genes que dançam no tempo.
Diz: “Viemos de muitos, não de dois”.
E está certa —
mas a verdade simbólica também está:
pois todos nós nascemos nus e nos cobrimos de culpa.
O Santo Sudário?
Talvez feito por mãos da Idade Média.
Mas ainda assim… algo nele toca fundo.
Como um quadro antigo que não é autêntico,
mas ainda nos faz chorar.
E assim vivemos, entre a fé e a razão.
A fé nos dá asas —
a razão, o chão.
Ambas precisam uma da outra,
como o céu precisa da terra para ser céu,
e a alma do corpo para cantar.
Não devemos ser cegos —
nem do lado da ciência,
nem do lado da crença.
Pois o mais belo é isso:
o mistério ainda existe.
E talvez não esteja na resposta certa,
mas na pergunta bem feita.
Na humildade de saber que há mais entre o céu e a terra
do que se pode provar.