Sapo-arlequim-roxo (Atelopus barbotini)—
SAPINHO ROXO
Tem um sapinho roxo no meu quintal
Será que é de verdade, afinal?
É lindo, cheiroso, parece encantado,
Anda faceiro, todo maquiado.
Batom na boca alaranjada,
Combinando com a sombra bem desenhada.
Saltei bem devagar, só pra não assustar —
Mas ele sorriu (juro!) e pôs-se a cantar.
Com voz de vento e perfume de flor,
O sapinho virou meu novo sonhador.
Trazia no bolso um brilho do luar
E uma estrela que sabia desenhar.
Disse: “Sonhe, menina, com tudo que for.
Pois quem sonha em cores espalha amor!
No tapete da floresta,
um brilho a se esconder —
roxo e laranja em festa,
um sapo a florescer.
Salta um sonho pequenino
nas folhas úmidas do chão,
tem no dorso um céu divino
pintado com devoção.
Sapo raro, quase um mito,
da Guiana a espreitar…
cada cor em teu vestido
faz a selva respirar.
Entre bromélias e sombras,
ele dança sem cantar,
um arlequim que desliza
no silêncio do lugar.
Pequenino guardião
da floresta encantada,
carrega em cada salto
uma esperança dourada.