Sônia Lupion Ortega Wada
“Coragem é agir com o coração.”
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Tanabata e a Lua

Tanabata e a Lua: Entre o Sonho e a Realidade

 

O Japão, com sua harmonia entre tradição e natureza, possui um carinho especial pela lua. Em noites claras, quando o céu se veste de azul profundo, a lua, com seu brilho prateado, não é apenas um satélite distante. Ela é a musa, a deusa e o símbolo que inspira incontáveis poetas e artistas. A reverência à lua se reflete em várias práticas culturais, sendo uma delas o fascinante Tanabata, o festival das estrelas, celebrado no 7º dia do 7º mês.

 

Tanabata tem sua origem em uma antiga lenda chinesa que foi adotada e adaptada ao longo do tempo pelos japoneses. A história fala de dois amantes, Orihime, a tecelã, e Hikoboshi, o pastor de bois, que são separados pela vastidão da Via Láctea. No entanto, uma vez por ano, no Tanabata, eles têm a chance de se reencontrar, quando o céu se abre e a correnteza do rio celeste, que é a Via Láctea, se torna um caminho seguro para a união dos dois.

 

Mas o que torna essa história tão especial para os japoneses? É a ideia de que o amor, a esperança e os desejos são guiados pela própria lua. Durante Tanabata, as pessoas escrevem seus desejos em pequenos pedaços de papel, chamados tanzaku, e os penduram em galhos de bambu, como uma forma de pedir para que seus sonhos sejam atendidos pelas estrelas e pela lua. A lua, neste contexto, se torna a testemunha silenciosa de nossos anseios mais profundos, o farol que ilumina o caminho dos que têm fé no impossível.

 

Essa relação com a lua não se limita ao Tanabata. Ela permeia diversas partes da cultura japonesa. O tsukimi, por exemplo, é o festival da observação da lua, realizado no outono, quando a lua cheia brilha com força especial. Durante esse evento, os japoneses se reúnem para contemplar a beleza da lua e fazer oferendas, como bolos de arroz chamados tsukimi dango, agradecendo pela colheita e celebrando a relação de simbiose entre os humanos e a natureza.

 

A reverência à lua no Japão é um reflexo da busca por equilíbrio e serenidade. A lua representa a beleza efêmera, a transitoriedade da vida, algo que os japoneses, com sua filosofia zen, abraçam com sabedoria. Assim como as estações mudam e os ciclos da natureza se renovam, a lua, em seu ciclo eterno, nos lembra da nossa fragilidade e da necessidade de conexão com o todo.

 

Em muitas lendas japonesas, a lua é associada a figuras míticas, como Tsukuyomi, o deus da lua na mitologia xintoísta, que, embora distante, ainda assim influencia a vida dos mortais. A lua é tanto uma musa quanto uma presença que nos desafia a olhar para dentro de nós mesmos. Ela não é apenas uma bola de luz no céu; é um reflexo de nossos próprios sentimentos e desejos, das coisas que buscamos e das que deixamos para trás.

 

Assim, em uma noite de Tanabata, quando o céu brilhar e as estrelas se alinham como uma promessa de reencontro, somos convidados a refletir sobre nossos próprios caminhos. A lua, em sua imensidão silenciosa, nos lembra que, embora separados por distâncias, nossos desejos, como Orihime e Hikoboshi, podem se encontrar. E, quem sabe, um dia, a nossa própria história de amor e esperança seja também guiada por sua luz suave, como as estrelas que a rodeiam.

 

Fotografias, particular e encontrada na internet. 

 

by Sônia

 

 

Sonia Lupion Ortega Wada
Enviado por Sonia Lupion Ortega Wada em 05/05/2025
Alterado em 05/05/2025
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