Na Curva do Coração
Há um lugar em mim onde a estrada não é reta.
Uma curva escondida entre silêncios e suspiros, onde repousam memórias com os pés descalços.
Elas não dormem — apenas se deitam um pouco, como quem espera o momento certo para abrir os olhos.
Ali, tudo é sussurro.
O toque leve de uma voz antiga, o perfume que não se explica, um nome guardado como se fosse segredo.
É um esconderijo de delicadezas,
feito de fotografias que o tempo não desbotou por inteiro,
de cartas jamais escritas,
e de promessas que se desenharam no vento.
Na curva do meu coração, o passado não pesa: ele dança.
Às vezes lento, às vezes como uma chama que insiste,
mesmo entre as ruínas.
E quando os dias cinzentos se aproximam,
é dessa curva que brota a esperança —
uma pétala teimosa,
frágil e fiel,
que não aprendeu a desistir.
By Sônia