Houve um tempo em que falar com os mortos era coisa de salão escuro, de velas tremeluzindo e olhos desconfiados. Depois, veio Allan Kardec, com seu método cuidadoso e sua fé na razão. Trouxe luz ao invisível, deu nomes, leis e princípios. O Espiritismo surgiu como ponte entre o céu e a Terra — e muitos atravessaram.
Divaldo Franco veio depois, com sua voz suave e firme, espalhando consolo como se espalha perfume por entre os dias difíceis. Falou de amor, de perdão, de vidas sucessivas, como quem já viu de perto o outro lado. Com ele, os corações se abriram, e a espiritualidade ganhou doçura.
Mas o tempo seguiu — e a espiritualidade também.
Hoje, não basta mais ouvir os espíritos.
Queremos sentir a energia.
Queremos compreender o campo, a vibração, a intenção.
Fala-se de consciência como se fala de pão — essencial, diária, viva.
Fala-se de cura como ressonância. De Deus como frequência.
De oração como alinhamento.
A linguagem mudou porque mudamos por dentro.
Já não buscamos mestres para seguir cegamente — buscamos espelhos que nos revelem.
Já não tememos a morte — queremos atravessá-la em lucidez.
Já não bastam os livros — queremos a experiência viva do divino, no corpo, na alma, na matéria.
Hoje, espiritualidade é ciência do sentir.
É física da alma.
É metafísica do cotidiano.
É olhar uma flor e saber que ela também pensa — com outras palavras.
É perceber que estamos todos ligados: humanos, estrelas, ancestrais e átomos.
E ainda assim… tudo começou com uma mesa girando, com um caderno, com perguntas.
Kardec permanece.
Divaldo permanece.
Mas agora, somos nós os médiuns do novo tempo.
Médiuns do silêncio, da intuição, da consciência desperta.
A espiritualidade não mudou — ela se desdobrou.
E nós com ela.
Porque a alma humana tem sede de infinito.
E o infinito… sempre responde.