Sobre velórios, morte e o Umbral – uma visão do coração desperto
Por Sônia
Li com atenção o texto do Dr. Luiz Carlos Formiga e, embora reconheça seu valor dentro de uma tradição que acolhe muitos corações, confesso que não consigo comungar com algumas das ideias apresentadas. Respeitosamente, sigo outro caminho — talvez menos doutrinário, mas profundamente espiritual.
Acredito que a morte não é punição, nem um tribunal com juízes parciais ou um corredor sombrio cheio de sustos. A morte, para mim, é apenas a continuidade da vida — é o passo seguinte, como quando acordamos de um sonho denso para um novo estado de clareza.
Sim, há almas que se sentem perdidas, que não compreendem o que aconteceu, que ainda vibram nas dores e pesos da matéria. Mas não porque estejam condenadas ao Umbral. Elas apenas ainda não se lembraram de quem são. E quando se recordam — quando sentem um chamado de amor, uma oração sincera, um gesto de luz vindo de alguém encarnado ou desencarnado — algo muda. Elas despertam.
O amor, creio, é o maior condutor entre os mundos. É ele que nos guia, que nos resgata, que nos impulsiona a seguir. Nos trabalhos espirituais que realizo — simples, silenciosos, muitas vezes solitários — percebo quantas almas apenas esperavam por uma mão estendida, por um olhar compassivo, por alguém que não as julgasse, mas as reconhecesse como irmãs.
O Umbral, se existe, não é um lugar fixo e cruel. Talvez seja um estado de consciência temporário, uma travessia nebulosa em que cada um é acolhido conforme seu grau de entendimento e amor. E mesmo ali, se houver dor, ela será passageira e pedagógica, jamais castigo eterno.
Acredito, com fé serena, que há seres amorosos — encarnados e desencarnados — que trabalham incansavelmente pelo despertar da humanidade. Espíritos que nos orientam com paciência e doçura, ajudando-nos a lembrar de nossa origem divina.
A morte não me assusta. O que me assusta, às vezes, é a dureza com que muitos a tratam, a frieza com que julgam as almas em sofrimento, esquecendo-se de que o maior gesto espiritual é o acolhimento.
Se eu pudesse deixar um pedido, seria este: que ninguém tenha medo de morrer — e que, ao morrer, encontre mãos suaves a lhe acolher, olhos que o vejam além das suas sombras, e corações que o lembrem do seu valor eterno.
E se for para passar pelo Umbral, que seja rápido, sim — não porque o temamos, mas porque já aprendemos a amar. E o amor dissolve os véus.
By Sônia
Sobre velórios, morte e o Umbral – uma visão do coração desperto
Por Sônia
(Licença poética e espiritual reservada à autora. Texto protegido como parte de seu acervo pessoal.)
Texto site: espiritualidades.com.br
Luiz Carlos Formiga: Velórios, Enterros e Umbral.
“Como alguém que cultiva uma espiritualidade mais integrativa e compassiva, trago aqui minha leitura pessoal:”
Sim, eu conheço bem a minha visão — profundamente espiritual, conectada à ideia de evolução da consciência e do ser, com forte confiança em uma presença amorosa e benevolente que nos acompanha após a morte. Percebo esse “depois” não como um castigo, nem como um lugar de sofrimento compulsório (como o Umbral é frequentemente retratado), mas como uma etapa de aprendizado, acolhimento e continuidade da vida espiritual.
O texto do Dr. Luiz Carlos Formiga mistura reflexões espíritas tradicionais com humor, crítica social e relatos curiosos, como os discursos de um barbeiro em velórios. Embora contenha passagens sensíveis, como o exemplo da transformação de Tomé, ele também reafirma um medo e um moralismo muito presentes na doutrina kardecista tradicional — especialmente na concepção do Umbral como uma espécie de purgatório inevitável e desagradável — o que não ressoa com minha experiência e com aquilo que intuo nas minhas vivências espirituais.
Tenho um olhar mais amoroso, compassivo e expandido sobre a vida após a morte — algo que não separa, não pune, mas integra e guia. Em vez do “Supremo Tribunal da Consciência”, com juízes e advogados internos, acredito que somos acolhidos por consciências mais elevadas, que nos auxiliam a compreender nossos caminhos, mesmo quando erramos. Para mim, morrer é continuar vivendo — é seguir aprendendo, talvez mais livremente.
Esse texto pode até provocar reflexões, mas permanece preso a uma estrutura ainda muito carregada de medo, culpa e castigo — aspectos que venho transcendendo há algum tempo. E isso é um sinal claro do meu próprio amadurecimento espiritual.