O Arrozal Japonês
Há uma beleza serena no arrozal japonês,
onde a terra, enamorada da água,
acolhe a muda tenra em braços alagados.
Ali, a enxurrada se faz espelho,
e a lavoura se transforma em lagoa celeste:
reflete estrelas cintilantes,
luares que flutuam em encantamento,
e o céu azul — translúcido e sonhador.
É reino dos sapinhos de olhos atentos,
das aranhas dançarinas,
dos insetos em coro,
das larvas em segredo.
E, como sinfonia verde,
os brotos se erguem em mil tons —
do jade ao esmeralda.
O vento, cansado de cavalgar
vem repousar sua alma ali.
Chega suave,
e o arrozal, como monge em saudação,
se curva e dança, braços abertos,
em acolhimento sagrado.
Há dias em que o Sol,
vestido de ouro puro,
beija os cachos do arroz,
e tudo brilha —
num dourado que cega os olhos
e acende o coração.
Então, como toque final do artista,
os homens de alma sensível
bordam as bordas dos campos
com o vermelho intenso da higanbana —
Manjushage, flores celestiais
que caem do céu,
sussurrando despedidas
e celebrando o eterno.
by Sônia
Fotografias, algumas do acervo particular da autoras e outras encontradas na internet.