Depois de dois ou três copos de saquê, ele foi andar de bicicleta.
Na verdade, a bicicleta era só um desenho na calçada.
— Ninguém nunca me ensinou a andar de verdade — disse.
Mas ali, deitado sobre o giz, jurava estar pedalando.
— Estou indo muito bem. Estou conseguindo!
Eu tentei ser firme:
— Para com isso. Isso não é uma bicicleta.
Mas ele seguia ali, inocente feito criança, os braços abertos como guidão,
o sorriso leve, os olhos fechados para o mundo.
— Estou pedalando muito rápido! — gritava.
E eu, vencida pela ternura:
— Sim… você poderia até participar de uma Olimpíada.
Então, ele estendeu a mão, cheio de alegria:
— Sobe na garupa!
E eu subi. Sem pensar.
Na bicicleta que não existia, desenhada no chão —
voamos.