Um guarda-chuva esquecido numa praça.
Amarelo, virado de lado,
como um pássaro que tentou voar
e desistiu a meio caminho.
Chovia leve,
mas ele não se importava mais.
Já não protegia ninguém.
Estava ali — molhado, aberto, inútil —
como quem esperava ser lembrado.
Crianças correram ao redor,
um cachorro o cheirou e seguiu adiante,
um casal o ignorou por completo,
como se ele fosse parte da paisagem.
Talvez alguém o tivesse deixado por descuido,
ou por desamor.
Talvez tenha sido um gesto simbólico:
“Não preciso mais de abrigo.”
À noite, quando a praça se calou,
o vento brincou com ele,
e por um instante,
pareceu dançar.
By Sônia