Ela esperava por alguém que nunca veio.
A porta estava entreaberta, mas não porque ela fosse otimista.
Era só a sensação de que, se fechasse completamente, talvez o mundo lá fora pudesse esquecer que ela ainda estava ali.
O café esfriou — mas ela não se importava muito com isso.
Talvez gostasse mais do cheiro quente do que do sabor.
A verdade é que o tempo, por algum motivo, passava mais devagar quando a expectativa estava no ar.
Ou talvez fosse a cadeira vazia, do outro lado da mesa, que fazia as horas se arrastarem.
A rua fora da janela não parecia ter pressa de mudar.
As mesmas pessoas passaram várias vezes,
provavelmente sem notar que ela estava ali.
Ela sorriu, só para manter a graça.
E a cada vez que olhava para o relógio,
pensava: “Talvez hoje seja o dia.”
Mas quando a tarde caiu, ela já estava acostumada com a companhia silenciosa de si mesma.
E com um pequeno sorriso, ela fechou a porta.
Porque sabia, no fundo, que o que mais importa é não esquecer a leveza de continuar.
by Sônia