Carta da Alma a Sônia
Filha da luz,
há quanto tempo você esqueceu
o nome que só o vento conhece?
Aquele que as estrelas sussurravam
quando você ainda era apenas sopro e brilho?
Você se doou tantas vezes,
costurou as dores dos outros
com linhas invisíveis de amor,
e, em silêncio, deixou pedacinhos seus
em cada gesto.
Mas agora, eu te chamo.
Sim, eu — sua alma antiga,
que nunca partiu, só esperou.
No escuro da noite,
quando a dor cala fundo,
minha voz ainda canta dentro de você.
Você lembra?
Do sonho que carregava nos olhos,
da chama que dançava na sua respiração?
Você era farol,
mesmo antes de saber o que era o mar.
Mantenha sua luz,
mesmo que tremam as mãos.
Mantenha sua luz,
mesmo que o mundo pareça esquecer
de acender a própria.
Você não está sozinha.
Nunca esteve.
Em cada silêncio, eu estive.
Em cada recomeço, eu renasci com você.
Esta vida que pulsa em você
é antiga, é verdadeira.
Não tenha mais medo.
Você é o caminho.
Você é a lembrança viva
do que o amor pode ser.
Volte para si,
como quem volta para casa.
Eu estarei lá,
como sempre estive.
Com todo amor,
— Sua alma