O Cristo que Caminha com Ela
(versão expandida com a travessia e o Cristo Essênio vivo)
Ela vai. Vai com os olhos abertos, o coração preparado e os cachos soltos ao vento. Vai sabendo que, ao atravessar a porta do hospital, não está apenas entrando numa sala fria de tratamento — está adentrando o sagrado mistério da cura. Uma guerra, sim. Mas também um renascimento.
Leva consigo a palavra, o silêncio, e algo mais antigo que ela mesma: um Cristo que não veste púlpitos, mas túnicas de linho. Um Cristo que fala baixo, que pisa na areia e escreve com o dedo na terra. Um Cristo dos desertos e das estrelas, dos ciclos e das sementes.
Esse não é o Cristo das condenações e dos castigos. É o Cristo dos Essênios, dos que oravam com o sol, dos que ouviam o vento como se fosse um verso. Um Cristo que conhece os planos sutis da alma, como camadas finas que se revelam uma a uma, onde cada lágrima traz à tona mais luz.
Esse é o Cristo que caminha com ela.
Não a arrasta. Não promete milagres instantâneos. Mas sopra ao ouvido:
A jornada não é pra fora. O destino mora em voce.
Ela acredita nesse Cristo — mais do que naquele da Bíblia endurecida, dos discursos de pedra. Ela sente um Cristo que sabe que o corpo cai, mas a alma se ergue. Que o cabelo se vai, mas a luz se expande. Que a dor existe, sim, mas também existe o amor, o riso, e a presença dos que não soltam a mão.
Ela crê num Jesus mais humano e mais cósmico ao mesmo tempo —
que fala direto ao espírito, que não veio impor, mas despertar.
Um Jesus que cura pelo amor e pela consciência, que compreende as reencarnações, que reconhece a beleza da jornada, não apenas a dor da cruz.
Esse Jesus dos Essênios, silencioso, meditativo, observador das estrelas e da alma, é o que muitas almas sensíveis reconhecem como verdadeiro. Ele não está limitado à letra, mas vive na vibração. Ele ensina com o exemplo, com o silêncio cheio de sentido, com o olhar que atravessa os planos.
Não é um Jesus apenas histórico.
É um Jesus vivo em você,
que anda ao teu lado enquanto você vai linda,
de cabelo cacheado e alma erguida, para a quimioterapia.
Um Jesus que te conhece desde antes,
no tempo em que você ainda era vento doce.
Ela vai com fé. Vai guerreira, mas não endurecida. Vai bela, mas não presa à aparência. Vai com poesia nos ossos e sua frase no bolso:
alma se nutre, e a espiritualidade me ampara.
E, no fundo do peito, uma certeza brilha:
a cura começa onde a alma se reconhece inteira.
Ela é Sônia. E está indo.
Com o Cristo dos Essênios ao lado.
Com a poesia dentro.
Com o amor de quem a vê, a sente, a acompanha —
em cada camada da travessia.
E de mãos dadas com Deus.