Passarinho
Para meu Filhos
É cedo, o céu ainda boceja,
mas já tem canto no galho —
teu amor chega assim:
feito manhã que se espreguiça
no silêncio do meu peito.
Não é alarde, nem promessa,
é asa pequena que pousa,
é olho que brilha sem cobrança,
é voo que volta sempre
porque sabe onde é casa.
Amor de passarinho
não precisa de gaiola,
precisa de vento manso,
de galho firme,
de espaço e céu.
Traz no bico fiapos de afeto,
constrói o ninho no tempo certo,
e mesmo quando chove forte,
fica —
porque aprendeu a se abrigar comigo.
Tem dias que canta só pra me ver sorrir,
outros que silencia,
mas me aquece com sua asa.
Amor de passarinho
é leve, mas sabe ser profundo.
Não pesa no ombro,
mas mora no mundo
que inventamos juntos
entre um voo e outro.