A Página como Jardim
Há páginas que são como jardins abertos.
Não pela perfeição das flores,
mas pela liberdade do vento entre as palavras.
Ali, cada verso germina à sua maneira.
Às vezes nasce tímido,
outras vezes ousa crescer até tocar o céu da alma de alguém.
Mas o que faz um jardim viver
não é só a mão que planta —
é o olhar que contempla,
a presença que retorna,
o carinho de quem comenta com verdade,
ou simplesmente lê em silêncio, como quem rega.
Na página de um poeta,
cada interação é uma pétala nova.
Um gesto que transforma solidão em troca,
vulnerabilidade em comunhão.
É por isso que escrevemos:
não apenas para sermos lidos,
mas para deixar um banco de madeira sob uma árvore imaginária,
onde outras almas possam sentar-se, respirar
e lembrar que ainda é possível florescer.
imagem: quintal da minha casa.