Mulher-Cavalo
Capítulo 5 – A Dança dos Instintos
Há um ritmo antigo dentro de mim,
uma batida que não se aprende, só se escuta —
como o tambor que chama a tribo ao redor da fogueira.
Meus instintos são ancestrais,
vibram como cordas de arco que tensionam e soltam,
como os cascos que marcam terra e tempo.
Eles dançam comigo,
não como caprichos passageiros,
mas como forças que me guiam
quando a razão se cala e o corpo fala.
Dançar com os instintos é perder o medo do que não se vê.
É confiar no impulso, na intuição, no chamado do invisível.
É saber que nem toda direção precisa ser explicada —
às vezes, basta seguir o passo,
e deixar que o coração dite a coreografia.
No galope da vida, há momentos de fúria e de leveza,
de soltar crinas ao vento e de curvar a cabeça para ouvir a terra.
A dança é essa: um equilíbrio entre o selvagem e o sábio,
entre o que se deixa correr e o que se contém.
Quando me entrego a essa dança,
sinto minha alma inteira —
como um cavalo que corre livre,
sem medo do horizonte que sempre chama.
E mesmo na tempestade,
meus instintos sabem onde está a luz,
onde está o passo seguro.
A dança dos instintos é meu rito sagrado.
É nela que me encontro e me perco,
que me deixo ser Mulher-Cavalo —
indomável, viva, completa.