A Porta do Mundo
É o olhar que nasce sem saber o nome,
Mão que se estende quando a dor é mudez,
Papel em branco onde o verso se some,
Poema vindo do tempo, sua altivez.
É o sim que se diz, embora a estrada assuste,
O risco que traz a esperança a brotar,
Voz que sussurra, que ao medo relute,
Sonhos que o vento insiste em levar.
No limiar do tudo, o mundo se abre,
O peito floresce no salto essencial,
Mesmo quando o medo insiste e não sabe,
Que a vida é um portal, eterno ritual.
Assim se inicia o ciclo imortal,
De quem abraça o eterno temporal.
Sobre o poema:
“A Porta do Mundo” nasceu como um sussurro da alma — um chamado suave para os inícios. Não apenas o nascimento do corpo, mas aquele instante sutil em que escolhemos, mesmo feridos, continuar. É sobre o gesto de amar apesar das cicatrizes, escrever apesar do silêncio, viver apesar do medo. É um poema sobre atravessar. Sobre abrir a porta, mesmo sem ver o que há do outro lado. Sobre o risco e a esperança — que caminham, sempre, de mãos dadas.