Okubo Haruna San
Algumas pessoas atravessam a vida da gente como se fossem brisa — suaves, mas transformadoras. Haruna-san é uma dessas presenças raras.
Nascida no Japão, cresceu no Brasil desde os seis anos. Carrega em si a travessia entre dois mundos: a disciplina japonesa e o coração caloroso que aprendeu a pulsar em português.
Hoje, no Hospital Universitário de Mie-ken, na cidade de Tsu, Haruna atua como intérprete. Mas dizer apenas isso é dizer pouco. Haruna Chan traduz mais do que palavras — ela traduz sentimentos, angústias, esperanças. E, acima de tudo, ela acolhe.
Esteve comigo em momentos delicados, ajudando a compreender os termos médicos, traduzindo palavra por palavra, mas principalmente ajudando-me a respirar. Sua presença serena ao meu lado, nos exames e consultas, me dava força. Seu olhar atento me dizia: “Você não está sozinha.”
Haruna vibra com cada pequena vitória dos brasileiros que atende. Ela se desdobra, permanece, escuta, consola. Sua empatia é ponte. Sua alma, abrigo.
A você, Haruna-san, minha gratidão mais profunda — daquelas que não se traduzem em palavras, mas se sentem no coração.
Com carinho e reverência,
Sônia
Haruna, Ponte de Luz
Em teus olhos, dois continentes se encontram,
palavras bailam entre línguas e silêncios.
Tu, que vens da infância brasileira,
com raízes que ainda sussurram em japonês,
te tornaste ponte,
onde muitos atravessam o medo.
Nos corredores do hospital,
tua voz não apenas traduz —
ela consola.
Tuas mãos não apenas apontam caminhos —
Elas permanecem.
És flor do entendimento,
que desabrocha mesmo entre dores,
cúmplice de lágrimas contidas
e sorrisos renascidos após os exames.
Haruna, teu nome é cuidado.
E quando tudo parece ruído,
tu te fazes silêncio habitado,
presença que firma o chão sob nossos pés.
Não és só intérprete.
És amparo.
És quem ouve também o que não se diz.
És quem traduz a alma.
Obrigada por existir
onde mais precisamos ser compreendidos.