Canto Sagrado
(do lar que é altar)
Tem um canto,
quieto e cheio de luz oblíqua,
onde o mundo inteiro se ajoelha
sem saber.
Ali,
meu corpo repousa
mas minha alma dança.
Ali,
as palavras nascem sem esforço —
brotam como água
de pedra antiga.
É meu refúgio,
meu oratório sem paredes,
onde a poesia não se escreve:
se escuta.
Falo com Deus
como quem conversa com o vento,
ou com uma criança sonhando —
e Ele me responde
com cheiro de papel,
com luz na cortina,
com um verso que pousa
no centro do peito.
Esse canto não tem nome,
mas é lar do que sou
quando ninguém me vê.
by Sônia