O Dia do Calor Interno e do Passo Silencioso
🌱 Símbolo: a semente sob a terra
Esse texto faz parte do Meu Diário de Alma
Acordei ouvindo o som do mundo por dentro.
Um sussurro lento, como se meu corpo ainda estivesse sonhando.
Preparei um chá de gengibre com uma gota de mel
e deixei que ele escorresse pelos caminhos internos,
acordando lentamente os corredores do meu ventre.
No mingau de aveia, polvilhei silêncio e pedaços de caqui.
As amêndoas moídas me disseram:
“Mesmo o que está pequeno em ti tem força de raiz.”
E ali, com o vapor subindo da tigela,
lembrei de fechar os olhos
e repetir baixinho:
“Hoje, o meu corpo me guia.”
No almoço, encontrei o calor do feijão azuki
e a doçura firme da abóbora.
Brócolis ao vapor se deitaram ao lado do arroz
como braços verdes a me proteger.
Pequena fatia de umeboshi: um punhado de coragem ácida
para quem ainda se levanta com os joelhos da alma frágeis.
À tarde, envolvi o estômago com uma compressa morna.
Foi como se uma avó invisível me abraçasse.
Tomei chá, mastiguei a pausa,
e li em voz alta um poema que falava de folhas que caem
mas nunca se perdem.
À noite, reencontrei a leveza do enoki,
o tofu ao shoyu claro,
e um quadradinho de batata-doce assada
que derretia como promessa na boca.
Polvilhei uma castanha sobre o arroz
como quem planta uma bênção.
Na beira do sono, escrevi uma frase que nasceu do corpo:
“Hoje, fui coragem de semente. Dormi no escuro, mas não temi.”