Lago Tekapo
(versão ampliada e sussurrada)
No coração da noite azulada,
há um lago que sonha com o céu.
Chama-se Tekapo,
e nele repousam todas as estrelas do mundo,
como sementes de luz adormecidas na água.
A superfície — um tecido de veludo cósmico —
acolhe constelações inteiras,
e cada vaga leve
é um suspiro do universo em movimento.
A água não é água —
é véu de silêncio,
é espelho do infinito,
é manto de deusa estendida entre montanhas ancestrais.
Ali, um barco desliza.
Não corta a água — flutua sobre astros.
As remadas são lentas,
como gestos de uma prece antiga.
O casco toca a luz
sem afundá-la.
O céu, ali, não está acima.
Está em volta,
dentro,
nos olhos de quem ousa olhar sem pressa.
As estrelas dançam na água —
e dançam também no coração da navegante.
E quando o vento chega às margens,
ele sopra em língua esquecida:
“Este é o lugar onde o tempo repousa,
onde o universo se olha nos olhos
sem pressa de compreender.”
A solidão, lá, não pesa — paira.
É presença inteira,
é companhia feita de brilho manso.
Tekapo,
lugar de travessia entre mundos.
Lago onde as almas lembram
que também são estrelas —
e que, por instantes, podem navegar entre elas
sem afundar.