Costurar com Patas
Quando o frio da noite vinha,
ela trançava o calor com os passos.
Não tinha mãos.
Mas cada casco era linha que bordava o chão.
Costurava rotas que ninguém via.
E enquanto as outras se despedaçavam em pressa,
ela reaprendia o tempo com a fibra da relva:
não se corre o que se pode sentir.
Havia dignidade no seu trotar miúdo.
Como quem diz:
— Eu posso esperar.
— Eu sei costurar até o escuro.