Sônia Lupion Ortega Wada
“Coragem é agir com o coração.”
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Essa paisagem me lembra que

há beleza em deixar ir.

E que caminhar por dentro de si,

entre árvores silenciosas, 

pode ser um rito tão sagrado

quanto qualquer poema.

 

 

Caminho das Folhas
Haiku 

 

1.

Folhas no silêncio,

o outono cobre a dor

com vermelhidão.

 

2.

Degraus musgosos,

um templo se esconde além —

eco do que fui.

 

3.

Galhos entrelaçam

histórias nunca contadas

ao vento da tarde.

 

4.

Vermelho no chão,

como se o céu decidisse

sangrar suas cores.

 

5.

Não busco chegar —

basta que eu seja caminho

enquanto houver sol.

 

 

 

 


Caminho do Silêncio Vermelho”

por Sônia Lupion Ortega Wada

 

Há caminhos que não levam a lugar nenhum, e ainda assim são sagrados.

Este, por exemplo.

Feito de pedra antiga, musgo discreto e folhas em fogo — é um caminho para dentro.

 

Quem pisa nele não busca destino.

Busca escuta.

Busca pouso no peito.

 

As folhas vermelhas que cobrem o chão não são ruínas.

São testemunhas.

Cada uma caiu em seu tempo, em sua dança, com sua ferida. E agora fazem tapete para quem ousa seguir mesmo cansada.

 

Subir esses degraus é como lembrar.

Um por um, os passos vão tocando lembranças:

a menina que sonhava ser folha, a mulher que virou árvore, a alma que hoje se sente vento.

 

E o silêncio… ah, o silêncio aqui não pesa.

Ele envolve. Ele entende.

É um silêncio que não exige nada, apenas acompanha — como um velho amigo que não quer saber o porquê da dor, apenas segura tua mão até o fim da escadaria.

 

Talvez no topo haja um banco de madeira. Ou talvez não haja nada.

Talvez o próprio subir já seja o altar.

 

Mas quem chega lá em cima — e respira —

sabe.

 

Não se trata de chegar.

Se trata de ter amado cada folha caída,

e ainda assim continuar.

Sonia Lupion Ortega Wada
Enviado por Sonia Lupion Ortega Wada em 10/06/2025
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