Sônia Lupion Ortega Wada
“Coragem é agir com o coração.”
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Chique Chiquinha — A Soberana das Tesouras e dos Segredos

 

Chiquinha do Carmo, nascida num 23 de agosto com sol em Leão e língua afiada, já chegou ao mundo com um laço vermelho nos cabelos e uma sentença no olhar:

— Aqui quem penteia é a vida. Mas quem finaliza sou eu.

 

Cabeleireira desde antes de saber escrever seu nome direito, já aos doze anos aparava as pontas das vizinhas com navalha de cortar sabugo e lavanda colhida no quintal. Fazia cachos, sim, mas também fazia milagres: arrancava tristezas, alisava traumas, tingia o tempo.

 

 

 

O Amor Secreto de Chiquinha

 

Dizem por aí — e quem nega não convence — que Chiquinha viveu um grande amor. Chamava-se Amadeu, poeta ambulante, desses que vendem palavras como quem vende algodão-doce: colhidas do céu, mas que derretem ao menor sopro.

 

Ele apareceu numa tarde chuvosa e pediu para cortar “as pontas do passado”. Ela riu. Ele se apaixonou. Trocaram cartas, livros e promessas de cabelos ao vento em Paris.

 

Mas Amadeu partiu com a primavera e deixou apenas um bilhete perfumado com patchouli e um verso:

“Se um dia eu voltar, será para que me desenhe de novo com tua tesoura.”

 

Ela nunca mais o viu. Mas toda terça-feira, antes de abrir o salão, põe batom vermelho e perfuma os pulsos.

“Vai que ele volta,” diz. “Ou que alguém mereça o lugar dele.”

 

E a história segue nos próximos capítulos.


 

Sônia -  flor de cerejeira 🌸


 

Sonia Lupion Ortega Wada
Enviado por Sonia Lupion Ortega Wada em 26/06/2025
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