Margaridas nuas —
pé de criança no vento,
o céu floresceu.
Desfolhar o Destino
Diante de mim, uma margarida —
testemunha dos meus segredos de amor.
Seguro sua haste como quem segura
o frágil pulsar de uma esperança.
« Je t’aime… un peu » — murmuro,
e a primeira pétala flutua no vento.
« Beaucoup » — digo, quase rindo,
como quem sabe que amor demais pesa.
« Passionnément » — meu peito se abre
em vermelho, como se uma rosa surgisse
no lugar do meu coração.
« À la folie » — meu riso é um grito manso,
sou quase criança, quase louca.
« Pas du tout » — e se for assim?
E se o amor me negar na última pétala?
Mesmo assim, eu amarei —
com todas as flores que puder arrancar,
com todos os ventos que puder soprar,
com todas as pétalas que o tempo inventar.
Porque amar é sempre isso:
um pouco, muito, passionalmente, loucamente…
ou nem um pouco —
mas ainda assim, tudo.
Sônia Lupion Ortega Wada
🌼
Pétalas caem —
um riso de menino
pousa na terra.
🌼
Lua pingando,
as margaridas brilham
nos tornozelos.
🌼
Pé no orvalho —
coração de flor dança
sem direção.
🌼
Coroa simples,
pé descalço e perfume:
a infância dorme.
Imagem: google.