Sônia Lupion Ortega Wada
“Coragem é agir com o coração.”
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Equinócio quase primaveril: Um bombom recheado de flores e criticas

 

Equinócio quase primaveril

por Sônia

 

Finalmente, minha estação predileta anuncia sua chegada. Chegará embrulhada naquele tal equinócio — fico aqui pensando: seria um bombom recheado de flores? Edson, meu amigo poeta, adora o coelho maluco. Os dois, juntos, devem ter inventado esse tal de equinócio para florir bombons no meu jardim. Ou seria coisa do Pinóquio?

 

Enquanto degustava o pensamento, meu chocolate viaja até o Tibete, pousando na meditação do Dalai Lama. Não consigo administrar meu pensamento. Sua Santidade, um homem especial, um ser da paz, metido no meio de tanto conflito… De um lado o amor, do outro o ódio. E a China egoísta, oprimindo e castrando um povo que nunca será seu.

 

Decidi: mandarei meus bombons floridos ao Dalai Lama. Ele merece todas as flores.

A China terá seu castigo. A tocha da paz fará sua olimpíada, e os olhos do mundo enxergarão apenas uma China que balança o rabo para o pregão da bolsa de valores, roendo ossos — porque de cães já se fartaram os chineses.

 

E por falar em baixa, os EUA ferraram o mundo. O dólar cai feito fruta madura. Até o Japão entrou na era da recessão. Isso mesmo: 99,04 ienes para comprar um dólar, e o dekassegui sonhador engole um Lula por dia.

 

A primavera adiantou-se, florindo as cerejeiras, resistindo às baixas temperaturas. É um recado do céu: aguentar firme, porque as flores trazem as cores da esperança.

 

Enquanto o mundo engole gente, eu permaneço aqui, desembrulhando o bombom, comemorando o Dia dos Pais, conforme o calendário japonês. Acabei esquecendo o presente do Beto. Agosto será outra estação.

 

E tem gente que ama, mas não sabe se entregar ao amor.

Parece que gostam de sofrer — e de fazer sofrer.

E como tem gente boa que nos faz sofrer…

E tem gente boa demais, que ama. Simplesmente ama.

E tem gente que age. Tem gente que fala. Tem gente que lidera.

Tem gente que é liderada.

Tem aqueles que aceitam. E aqueles que questionam.

 

Eu, sendo gente, aqui onde agora voejo sem rumo certo, concebo o cenário de um tempo que custa a chegar. Cansei de carregar pedras para construir alicerces invisíveis.

Será ainda tempo de se fazer política com ação?

Será ainda tempo de deixarmos os bastidores da omissão para debatermos mudanças?

Será que ainda dá tempo de evitarmos os sítios da violência urbana?

Será ainda tempo de mudarmos nossa estação?

 

Insistentemente, esperamos pela primavera.

Ela não pode florir enquanto as raízes do silêncio estiverem crescendo dentro de nós, impedindo que a luz revele o amor.

 

Vivo dias de março, esperando uma estação quente — daquelas dos frutos suculentos que saciarão a fome do mundo carente de vida, de amor, de paixão. Frutos de esperança, que devorarão a indiferença, a violência, a indignação, os preconceitos, as injustiças, etc.

Será que ainda virá esse tempo?

 

Esse bombom provoca alucinações… Já estou querendo escrever uma carta de amor.

Cartas de amor são ridículas.

 

Enquanto a primavera não chega, folheio o jornal e, com o queixo caído, concluo: sou uma mulher medieval. E árido é quem nunca se fez oásis.

 

A você que chegou até aqui, deixo meu prêmio de consolação: saúde é o que interessa.

 

Uma tailandesa revoluciona a estética, a beleza e a saúde com sua pesquisa científica: descobriu a fonte da juventude. Está jorrando nos banheiros da nossa casa! Isso mesmo: o nosso xixi diário é saudável. Basta beber um copo pela manhã e você joga no vaso sanitário o botox, a drenagem linfática, o anti-ruga e todos os cremes maravilhosos que prometem nos deixar divinas.

 

Imaginem: ele cura até alguns tipos de câncer. E o melhor de tudo: é gratuito.

Fiquei imaginando o Jô Soares bebendo seu pipizinho saúde naquela caneca linda…

E o Guilherme Arantes desperdiçou: fez xixi nas estrelas.

 

Para aqueles que não querem beber o xixi-saúde, indico uma boa música clássica. Uma dose de Mozart é capaz de curar epilepsia, aumentar a capacidade matemática e visual, reduzir o estresse e outras “coisinhas” mais.

Mozart, com sua arte e técnica musical, cativou o mundo. Agora, acumula mais um título: Curandeiro.

 

O lado bom dessa descoberta é que o mundo vai, literalmente, mergulhar na cultura. Finalmente, a música clássica entrará em todos os lares — nos mais luxuosos e nos mais miseráveis. A não ser por um pequeno e insignificante detalhe: ricos não compram cópias piratas (isso é crime), mas sempre têm um pirata em casa. Pobres não têm dinheiro para comprar o original, mas também querem ouvir Mozart. Conscientes, deixam o pirata entrar.

 

Piratas unidos jamais serão vencidos.

 

Um brinde à música! Um brinde a Mozart!

Eu brindo com uma taça de urina — da mais pura e refinada urina. Saúde!

 

Feliz Páscoa, Mundo

 

Sonia Lupion Ortega Wada
Enviado por Sonia Lupion Ortega Wada em 21/03/2008
Alterado em 29/04/2025
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